Maria

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Maria veio hoje e trouxe, como sempre dentro de si, a liberdade, o grito de quem não se conforma, com o país que somos.Fala à pressa, mexendo a mão ( a outra carrega meia dúzia de livros que leva para mais uma das suas viagens) e a conversa começa quase sempre, pela sensação de claustrofobia que sente, neste país de vistas curtas.Um país que leva a tribunal, uma idosa que supostamente, não paga um creme de beleza, num supermercado, e arquiva processos de desvios de dinheiros públicos, em sacos de todas as cores.

Maria, fala com mágoa,em professores sem vocação, em médicos sem amor ao próximo.Em casais que vivem na mesma casa, mas agem como se fossem estranhos, em mulheres que aceitam dormir com os maridos( e/ou vice-versa), porque estes lhe pagam as contas.Em instituições cujos serviços não funcionam sem cunhas,em jovens com idade para construir sonhos, que só pensam em bons casamentos, em escaladas profissionais à custa de atributos físicos ou de sacanices ao próximo.

E em como ultimamente, se inibe de dizer por essa europa fora, que é portuguesa. Não sente orgulho nisso, prefere o termo europeia. Mas os olhos brilham quando fala na sua mãe, uma latina de gema, como ela própria refere.Uma mulher do campo, que criou os filhos já viúva, que trabalhou de sol a sol, mas nunca os deixou passar fome.

Maria volta aqui, à sua terra, pela mãe.Mas não fica muitos dias.E lamenta que o Sol fantástico deste país e a beleza das suas paisagens, não afastem o ar sombrio no rosto, da maioria dos seus habitantes.

Hoje apeteceu-me falar-lhe em Agostinho da Silva.Pediu-me que lhe arranjasse o máximo de informação possivel.Ficou curiosa.E eu também, pois creio que daqui a uns meses, quando voltar, vai falar num português diferente daqueles que me fala hoje.

Volta sempre Maria, gostamos de te sentir por cá...

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Comments

AC said…
Pois, já chegamos ao ponto de ter vergonha de sermos portugueses.
Cpts
Anonymous said…
Belíssimo texto!


MUDE, MAS COMECE DEVAGAR!


Abraços, flores, estrelas..

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