Os velhos do restelo

eles andam aí...




"Velho do Restelo"

94

"Mas um velho d'aspeito venerando,
Que ficava nas praias, entre a gente,
Postos em nós os olhos, meneando
Três vezes a cabeça, descontente,
A voz pesada um pouco alevantando,
Que nós no mar ouvimos claramente,
C'um saber só de experiências feito,
Tais palavras tirou do experto peito:


95

- "Ó glória de mandar! Ó vã cobiça
Desta vaidade, a quem chamamos Fama!
Ó fraudulento gosto, que se atiça
C'uma aura popular, que honra se chama!
Que castigo tamanho e que justiça
Fazes no peito vão que muito te ama!
Que mortes, que perigos, que tormentas,
Que crueldades neles experimentas!


96

- "Dura inquietação d'alma e da vida,
Fonte de desamparos e adultérios,
Sagaz consumidora conhecida
De fazendas, de reinos e de impérios:
Chamam-te ilustre, chamam-te subida,
Sendo dina de infames vitupérios;
Chamam-te Fama e Glória soberana,
Nomes com quem se o povo néscio engana!


97

- "A que novos desastres determinas
De levar estes reinos e esta gente?
Que perigos, que mortes lhe destinas
Debaixo dalgum nome preminente?
Que promessas de reinos, e de minas
D'ouro, que lhe farás tão facilmente?
Que famas lhe prometerás? que histórias?
Que triunfos, que palmas, que vitórias?



Os Lusíadas, Canto IV, 94-97

Comments

antónio paiva said…
...............

andam andam

à pois andam!!!!

................


Beijo e boa semana para ti
Anonymous said…
Eles andem aí..andem, andem!
Bem...quero ver se não te faço zangar com os meus comentários.

Tenho curtido bué as músicas que tens colocado aqui e também alguns poemas, embora não veja patavina do que querem dizer...tá-se bem, fixe...enfim, pertencemos à mesma tribo.Dos poemas todos gostei daquele em o marido pede à mulher Florbela que o espanque...tá fixe!

Beijinhos...bee cool!

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